Oi, mãe! Tudo bem com você?
Olha só o chá de maçã com os miolos congelados. Hoje coloquei uma casquinha de laranja que chupei com a Bebel e umas lascas dos morangos que a Teresa quis comprar pra fazer bolo. Ela está em busca do bolo de morango e baunilha perfeito, agora é toda sexta uma zona na cozinha.
De manhã fiz o procedimento no hospital. A internação foi toda tranquila, equipe gentil, comida gostosa e ainda tomei um banho pra não vir pra casa com aquela nhaca de sala de cirurgia. Fiquei chocada com a sedação: estava lá na maca com o anestesista pegando a veia na mão porque, segundo ele, o procedimento era deitada de barriga pra baixo e a veia do braço não funciona nessa posição; ele instalou o acesso e... eu acordei no pós-operatório! Parece que umas horas da minha vida foram apagadas. Nem sei se tive a enfermeira mulher acompanhando tudo como manda agora a lei de sedação, confesso que isso me perturba. Mas estou bem.
Esse tratamento é mais ou menos minha última chance de me livrar dessa maldita dor cervical. Ainda não sei se e quanto funcionou, porque estou cheia de analgésicos. Tenho me confrontado com a ideia de que talvez não exista uma curva de melhora à minha frente - existe a possibilidade de que minha situação atual seja a melhor que terei daqui por diante, e a estabilidade talvez seja a hipótese mais amiga pra mim. Isso me apavora, mãe. Me apavora.
Tô descansando agora, deu vontade de tomar meu chá.
Tenho saudade. Sinto raiva quando lembro que você não vai conhecer meu apartamento novo. Mas acho que o pior é não poder te contar que estou fazendo chá de maçã e que a comida do hospital era boa.
Te amo. Um beijo
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