Em
meio à crônica falta de tempo que caracteriza o novelo dos meus dias, há muitas
coisas que eu não faço. Mas há uma prática que tento manter de maneira quase
intransigente. Eu faço as unhas. Há um fio encantado que une o estado das
minhas unhas ao nível de tranquilidade que sinto diante da vida.
Hoje,
enquanto observava o trabalho eficiente da manicure (e daquelas mulheres
interessantes que saem na revista Claudia) e matutava o que fazer para o
jantar, senti uma grande lassidão e má vontade. Enfado.
Aproveitei
a padaria ao lado para resolver o jantar com sanduíches. Em vez de fazer um
jantar apropriado.
Saindo
da padaria, fui dominada por uma crise de choro suave e doída. Chorei de culpa,
raiva e compaixão por mim mesma. É interminável o meu adeus à mulher sem falhas
que eu jamais fui.
Minha
filha, informada de qual seria o jantar, abriu um largo sorriso.
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