quarta-feira, 27 de junho de 2018

Oportunidades


Uma vez, num treinamento do trabalho, a palestrante perguntou: "E se você estivesse no elevador um dia e o presidente da empresa entrasse para ir até o último andar. Você tem dois minutos ali com ele pra falar o que quiser. O que você falaria? Qual a coisa mais importante que você tem para dizer a ele? Vender seu peixe em dois minutos. Como?"

Bem. Eu, pobre de mim, pega de surpresa ainda, ficaria intimidada e me refugiaria revirando mensagens no celular, nossa sagrada bolha contemporânea de insociabilidade. Levantando de esgueio um dos olhos, talvez lançasse: "Que frio está hoje, né?"

E se você estivesse no elevador um dia e entrasse uma candidata à Presidência do país para ir até o último andar. Você deu sorte, pois o prédio é muito alto e você tem um pouco mais do que dois minutos para vender o seu peixe. Fazer sua melhor pergunta. Tocar no essencial. O mais importante a ser dito sobre a vida do seu país.

Você, que não é um pobre coitado como eu e não se intimida facilmente, não desvia os olhos e lança impávido: "Então, o Stalin foi uma cara bacana? Mao foi um cara legal?"

Assim já não me sinto envergonhada por me limitar a falar do tempo.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Necessidades


Eu estou sempre com fome.
Eu estou sempre com calor.
Eu estou sempre cansada.

Tão difícil precisar tanto
sendo tão precisada.