quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Precinecessário


Ele colocava fatias de bacon direto sobre a chapa do fogão a lenha, e nada nunca foi melhor que bacon. Banana da terra com canela chega perto. Mingau de aveia não...

Foi ele que me ensinou a fazer arroz.

Era com ele o mar. Mesmo caçoando da nossa frescura, levava a gente no colo até depois das algas. E uma vez teve medo de sermos levados pela correnteza. Não percebi o medo enquanto ele nos tirava dali, encoberto pelo habitual autocontrole.

Minha música é toda ele.

Eu era acordada no sábado de manhã com a casa preenchida por Luís Gonzaga, e até hoje lá em casa Luís respeita Januário.

Eu não fui preparada para o gosto musical da FFLCH pela escola meio intelectual meio de esquerda que nunca frequentei, mas por ele próprio, que me mostrou os mesmos poucos discos de Chico Caetano Betânia Vinícius e me ensinou pessoalmente que cálice era cale-se.

Se não fosse por você, eu não poderia correr no parque chorando com Duda no frevo, após o primeiro turno, para pensar nas eleições e um pouco amargar nossos votos antípodas.

Apesar de mim e de você, você está em mim e eu em você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário