quarta-feira, 11 de maio de 2022

Vida de repetição


Há doze anos eu perdi meu bebê.

Agora sei a data e não anoto na agenda, mas lembro. Ou não. Foi uma das datas em que fiquei adulta, e provavelmente a única que eu lembro.

Estou lendo um livro cujo narrador conta suas inúmeras mortes. Morrer é algo que acontece muitas vezes, ele diz, e nem sempre é muito perceptível.

Acho que ficar adulta também é algo que acontece muitas vezes, e nem sempre é perceptível. É parecido com morrer. Que é parecido com nascer.