segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Pedaços


"Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou.
Mas tenho muito tempo."

Essa foi uma das minhas músicas favoritas da adolescência, de chorar sempre que eu ouvia.

Ontem estava num hotel e peguei uma revista, dessas bobas de cortesia de sala de espera, e essas frases estavam lá. E pareceu estranhamente que era a primeira vez que eu olhava para elas. Aquilo que eu cantarolei (ou gritei, ao melhor estilo 16 anos) tantas vezes na vida se apresentou com o brilho da novidade diante dos meu olhos.

Tão interessante esse momento da vida em que a gente consegue ter pontos de referência suficientes do nosso passado para alinhavar uma história. Tão gostoso juntar os nosso retalhos nessa colcha inusitada e óbvia, porque tem a nossa cara. Tão reconfortante olhar para os nossos pedaços com carinho, até aqueles que a gente já pode jogar fora. E mais ainda aqueles que a gente pode recolher de volta dessa lixeira tão esperta que não apaga nada, só reserva.

Não gostamos de envelhecer. Mas envelhecer é belo.

("O mundo começa agora. Apenas começamos.")

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Ô, linda... Tão boa essa aproximação de você... Obrigada pelo acolhimento!
      Beijos! (E um forte abraço, rs)

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