“De cuando en cuando me
ocurre vomitar un conejito.
No es razón para no vivir en cualquier casa,
no es
razón para que uno tenga que avergonzarse y estar aislado y andar callándose.”
(Cortázar)
No dia em que sua irmã nasceu, minha filha cresceu espantosamente,
de um dia para o outro.
Não me entenda mal, não falo em termos metafóricos. Não
estou dizendo que ela se tornou mais sábia ou mais madura. Ela ficou maior.
Cresceu vinte centímetros de um dia para o outro. Suas mãos ficaram enormes, a
ponto de segurar toda uma cabeça de bebê. Suas unhas, que eu cortara alguns
dias antes, ocupam o dobro do espaço em cada dedo. Seu rosto mudou, para
acompanhar o crescimento do corpo. As pernas estão longas e fortes. Os braços
ganharam uma nova robustez. As roupas não servem mais. Bastou um dia.
Eu costumava carregá-la no colo quando chegávamos da rua
cansadas, mesmo com cinco anos de idade. Com a gestação, quase foi ela a me
carregar, eu sempre a mais cansada da dupla. Combinamos que a seguraria no colo sempre
que ela quisesse, desde que eu estivesse sentada. Não imaginava que ao fim de
nove meses ela estaria imensa como o futuro, que não seria mais a menininha no
meu colo.
Da primeira vez, entendi que a gente não se despede o
suficiente de si mesmo antes da chegada do filho. É preciso despedir-se, entendemos
somente depois.
Mais uma vez, entendi somente depois.
só beleza e profundidade
ResponderExcluirMaíra