Era uma vez uma mulher que gostava de olhar as copas das árvores balançando,
deitada no chão. As copas das árvores não se tocam, elas balançam num movimento
coordenado como se cada uma soubesse onde a outra começa e para onde ela vai. Seus
contornos se encaixam, como os continentes em deriva, mas elas não avançam umas
sobre as outras nem sob o vento tempestuoso.
Era uma vez uma mulher hipnotizada pelo movimento das copas da árvores sob
um vento que não existe aqui, só lá em cima. A grama rasteira não sabe o vento que
enlouquece as copas das árvores e sua última folha mais alta mais alta mais
alta, que balança mais que todas e quer subir aos céus mas não se rompe porque ela
é folha mas também é árvore.
Era uma vez uma mulher deitada no chão, sobre a grama, querendo ser árvore.
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