sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Amamentação prolongada e língua comprida


Família viajando de carro pelo interior do Brasil. Posto de gasolina indo do Maranhão para o Piauí, sol de rachar o coco, poeira seca suspensa no ar. Enquanto aguardo o PF vir da cozinha, Teresa que não é boba nem nada quer mamar. Sento estrategicamente ao lado da garrafa d’água suando, que eu também não sou boba nem nada...

Chega um casal de moto. A mulher passa por mim, e lança:
– Que neném grande, né?
– É... – e com um sorrisinho amarelo fico me perguntando “grande” com base em quê...
– E mama, né?
– Ahã... – e mais um sorrisinho amarelo pensativo: “Ah, entendi com base em quê...”.

A mulher entra pra lá. Passa voltando pra moto:
– Ela é grande, né, tem quantos aninhos?
– Um e meio.
– E ainda mama?! A minha neném eu tirei do peito com um aninho!
– É mesmo, sua bruxa? Coitada da sua filha!

Mentirinha... Só mais um sorriso amarelo, e outro ahã. Eu nem penso assim, de verdade. Cada mulher sabe de si, amamentar é um ato íntimo: que bom se cada uma puder decidir de maneira livre e consciente sobre sua própria vida. Mas que dá vontade de lançar uma dessas de vez em quando pra gente abelhuda, ah dá!


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