Quando pensei que perderia minha mãe,
me perdi.
Saí andando pela cidade, quilômetros
e quilômetros, em direção a lugar nenhum.
A boa amiga me acompanha, toma café,
senta na praça, toma espumante, me compra uma lembrancinha afetuosa. Recorda que
tudo passa.
Quando a gente se perde, sempre acha
alguma coisa.
Eu achei o desconcerto de não saber quem
sou. Se não houver minha mãe a quem agradar, a quem contestar, qual o parâmetro
da vida? Sem perseguir sua admiração e seu repúdio, para onde vou? Sem precisar
caber no seu desejo, terei de descobrir o meu. Sem precisar caber no seu
molde, posso ter a forma que eu quiser. Uma liberdade insustentável, insuportável,
em que todas as minhas partes se espalham, espatifadas e confusas.
Para reunir os pedaços, precisei
descer até o fundo da tristeza. De lá, voltei comigo no colo.
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