sexta-feira, 7 de junho de 2013

Segurança


Chegamos eu e ela para a adaptação. Ela me dá a mão para descer os degraus e vamos pacientemente, um por um, juntas. Nos tropeços, me olha com cumplicidade e achando divertido. Já sabe fazer caras e bocas, é possível? Lá embaixo, não larga minha mão e sai andando, como de costume: segura com uma firmeza inédita, para e olha em volta. Já tinha ido comigo e o pai no dia da visita, mas se comporta de um modo novo. A monitora se aproxima e tenta pegar sua mão, ela não deixa. Vamos andando juntas. Ainda segurando minha mão, aceita também a da monitora. A escola é linda, e nos dirigimos ao parque de areia pelos caminhos alegrados pelo sol e as plantas. A coordenadora se aproxima para dar as boas-vindas. Então ela solta minha mão, segue com a monitora para ver os brinquedos no parque. E depois as galinhas, e as árvores, e já não sei mais o quê, porque já não as vejo. Saco meu livrinho e fico em um banco, na sombra. É um lindo dia de sol.

Quando voltam, vamos para sua sala, onde ela encontra uma almofadinha igual à que uso de apoio para amamentá-la em casa. Vem me entregar a almofada e uma boneca, e logo se entretém com a tomada. E com a varanda. E com as outras crianças que chegam. E a monitora a convida a se reunir no parque com os coleguinhas que começam a se concentrar por ali. Olho minha menina pela janela. Hoje está de roupa de criança, não de bebê. Sai toda firme e tranquila com sua jaqueta de moletom e as botininhas novas dadas pelos avós. Os olhos marejam vendo-a de costas, afastando-se de mim a passos seguros, em direção a tanta coisa nova.

Me lembro de uma frase que adoro, do filme Encontrando Forrester. Ao vencer um concurso literário com um texto nascido de um exercício de redação proposto pelo escritor recluso que se tornara seu mentor, um rapaz é acusado de plágio. Em sua defesa, o escritor surge para dizer que não, não há plágio: ele apenas cedeu suas palavras para que o rapaz pudesse encontrar as dele.

Meu amor, encontre suas palavras, estarei esperando para ouvi-las.

Um comentário:

  1. Que lindo texto, quanto sentimento. Senti daqui e me emocionei em saber que essa menininha que tanto amo tá crescendo tão linda e segura.
    beijocas

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