quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

para ana


a vida é um sempre sempre se buscar.

eu fiquei adulta no dia em que perdi meu filho que não existia. então passei meses perdida, feia e triste, até conseguir me colocar de novo dentro de mim. quando teresa nasceu nenhuma roupa me servia mais, e todas elas eram do meu tamanho. e eu infernizei os móveis todos da casa e as plantas e as comidas, procurando por mim. quando quis isabel fui procurar no armário, porque todas as roupas acumuladas da mãe que eu era estavam ali e eu precisava jogar fora pra ser mãe de novo outra. quando ganhei isabel, perdi teresa pequena que em uma noite cresceu vinte centímetros e eu não tinha lembrado de me despedir nem dela nem de mim. agora isabel vai à escola puxando a mochila de rodas e eu vou me buscando na trilha de lágrimas com saudade das borboletas mas eu não sou mais elas.

que bom que você escreve.

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